Seminário traz reflexões sobre a Liberdade de Imprensa
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Em celebração ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, lembrado em 3 de maio, o encontro propôs um debate e um apelo sobre a importância do bom jornalismo nos tempos atuais.
Por Fernanda Nardo.
Para celebrar o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, lembrado em 03 de maio, a Unesco no Brasil, com apoio de instituições do setor, promoveu debates virtuais nos dias 03 e 04 deste mês, com o objetivo de refletir e encontrar caminhos para a defesa da liberdade de imprensa.
O evento contou com a participação de autoridades e especialistas que discutiram assuntos com o objetivo de contribuir para a viabilidade dos veículos de comunicação, a segurança dos jornalistas, a educação midiática e a regulamentação dos canais digitais.
A “Informação como bem público” foi o tema do primeiro dia do evento. O ministro do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, fez um panorama da comunicação e destacou momentos da história, para ilustrar que a censura sempre fez parte da vida cultural brasileira. E defendeu a liberdade de imprensa como bem público.
“No sentido de pertencer a toda a sociedade como os mares, os rios e as avenidas. A democracia pressupõe a livre circulação de ideias, informações e opiniões, é pressuposto para o exercício de outros direito”.
O presidente da Abert, Flávio Lara Resende, lembrou a última edição do Relatório sobre Violações à Liberdade de Expressão (2020), publicado pela entidade, que revelou a ocorrência de 150 casos de violação da liberdade de imprensa.
“Enquanto ainda houver um único jornalista ameaçado pelo exercício da profissão, está em risco a liberdade de imprensa no país. Uma imprensa livre é fundamental para democracia brasileira que foi conquistada a duras penas”.
“Os jornalistas exercem um papel essencial e devemos garantir que eles possam trabalhar com segurança e sem medo, que todos nós estejamos comprometidos em fortalecer o bom jornalismo e lutar contra a desinformação”, disse a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto.
Polarização e Liberdade de Imprensa
No segundo dia de evento, o debate foi ampliado para o dia a dia dos jornalistas e como eles podem se preservar em ambientes polarizados. O porta-voz e adido de imprensa da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Tobias Bradford, abriu o seminário destacando a importância do trabalho dos jornalistas, inclusive, na pandemia. “Em um momento em que a verdade está cada vez mais sob ataque, nossa exigência de um jornalismo responsável baseado em fatos transparentes nunca foi tão grande”.
Segundo Amanda Ripley, repórter do jornal norte-americano New York Times, em ambientes polarizados é preciso ser radicalmente transparente, mostrar aos leitores como os dados foram obtidos, e os caminhos escolhidos. “E se possível usar dados para embasar as matérias, esse recurso ajuda as pessoas a absorverem melhor as informações conflituosas”, disse.
Durante sua fala, o chefe da área de liberdade de expressão e segurança de jornalistas do setor de comunicação e informação da UNESCO, Guilherme Canela, falou sobre a data que marca os 30 anos da Declaração de Windhoek, momento que supostamente sinalizava o fim da polarização.
“Contudo, as redes sociais colocaram de volta em uma esfera pública fragmentada uma série de pessoas que não estão de acordo com os compromissos assumidos em nome dos direitos humanos e da democracia. Temos que pensar o papel dos algoritmos das empresas de internet em potencializar essas bolhas e a lógica de poder”, disse.
A âncora da GloboNews, Aline Midlej, trouxe a perspectiva de quem está vivendo o cerceamento da liberdade de imprensa como âncora de televisão. “Vivemos hoje a ameaça de um retrocesso civilizatório no Brasil”, disse. Ela destacou o risco da falta de transparência na gestão de uma pandemia. “O ponto positivo é que a imprensa vem amadurecendo em torno do que deve ser um consenso, como a liberdade de imprensa, a transparência nos dados e comprometimento com o interesse público”, disse.
O Seminário Internacional foi promovido pela UNESCO Brasil, com apoio da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação), Instituto Palavra Aberta, Folha de S. Paulo, Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil.
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