O peso da “personalidade” no ar
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Pesquisa mostra a importância da conexão emocional com o comunicador, e como esse fator se torna cada vez mais relevante quando o assunto é escolher uma emissora para ouvir.
Por Fernanda Nardo.
Comunicar no rádio é uma habilidade que gera emoção, confiança, empatia e cria laços. É gente falando com gente, interagindo, propondo, refletindo o consciente e o inconsciente coletivo de quem ouve. Não é uma tarefa fácil, afinal, não basta apenas ter uma voz agradável e uma boa locução, é preciso estar preparado para falar sobre diversos assuntos, ser aberto ao novo, mantendo uma postura profissional, mas sem perder a personalidade. Isso envolve diversas aptidões que vão desde aspectos emocionais até uma boa bagagem de conhecimento.
Uma pesquisa divulgada no portal tudoradio.com, feita pela Techsurvey 2021 da Jacobs Media, no levantamento “Radio in the Year of COVID”, mostrou a importância emocional do rádio no mercado dos EUA, durante a pandemia. Na pesquisa de 2020, antes do coronavírus, o quesito “personalidade no ar” ficou em 59%, saltando para 61% na pesquisa de 2021. Os outros pontos fortes destacados como principais motivos para ouvir uma estação foram: música (55%) e a importância do rádio como um veículo local (49%). O levantamento foi feito com mais de 42 mil ouvintes de rádio, em 470 estações participantes.
O estudo evidenciou a importância da conexão emocional com o comunicador, e como esse fator vem se mostrando cada vez mais relevante quando o assunto é escolher uma emissora para ouvir. Essa dinâmica e a ênfase na personalidade no ar se intensificou ainda mais durante a pandemia. Segundo o gestor artístico da Massa FM de Curitiba, Londrina e Maringá, Cristiano Stuani, a maneira de se expressar no ar vai mudando de acordo com a demanda da época e do comportamento e hábito do ouvinte.
“Com a pandemia sentimos a necessidade de abraçar os ouvintes, de passar mais carinho e suporte. Com isso, fizemos um trabalho de mudança sutil no posicionamento dos locutores, alterando um pouco a linguagem, o jeito de sorrir no ar, segurando um pouco o tom de voz e a velocidade na locução. Tudo isso para transmitir esse acolhimento emocional que o momento exige”, explica. Ele também destaca que esse é um trabalho diário, construído em parceria com os comunicadores. Afinal, as mudanças também devem ser sutis para que o locutor não perca a sua personalidade no ar.
Para o programador da Rádio 98 FM de Curitiba, Rudiney de Assis, o peso do comunicador está ligado mais a desenvoltura e adaptabilidade no ar, alicerçado por um conteúdo de qualidade, do que propriamente aquela voz aveludada típica do rádio. Na pandemia, eles também tiveram que se adaptar para transmitir mais acolhimento aos ouvintes.
“É fundamental uma pessoa que transmite otimismo no ar, esperança, inclusive nesses tempos de pandemia, no qual o ouvinte precisa do rádio como uma companhia. A maior arma do rádio é o som, e nós temos que ter o poder de conquistar as pessoas, fazer com que elas imaginem o que a gente quer que elas imaginem. O rádio é um promotor de experiências. Neste sentido, o locutor tem um grande desafio”, diz.
Locutor: um promotor de negócios
Para o diretor da Agência RF e responsável pela Rede UP FM, Robson Ferri, ser comunicativo é básico para um bom locutor/comunicador, e a voz não é mais um fator determinante. “A voz se constrói. O comunicador é aquela pessoa pró-ativa, antenada com o mundo, conectada com a realidade e com o ambiente no qual está inserida, atento a tudo que se movimenta para agregar ao trabalho executado e aberto para as novas possibilidades”, diz.
O empreendedor destaca que um locutor com personalidade é aquele indivíduo que acredita nas suas convicções, que consegue transmitir seus sonhos, o que ele enxerga como ideal, mas de maneira inclusiva. “Tem que pensar em um ideal que engloba os que estão ao redor e os ouvintes, mas também precisa ter força e argumentos para defender esses ideais de uma maneira entendível, e não dentro de uma bolha, senão ao invés de atrair pessoas o comunicador acaba se tornando um desagregador”, afirma.
Segundo Ferri, um comunicador é um agregador de negócios que poderá se tornar uma figura-chave, colher frutos e entregar muitos resultados para a emissora. “Essa é a importância da personalidade estratégica, alguém inteligente, com equilíbrio emocional, que pense nesse espaço que ele está inserido como um espaço que não influencia apenas a sua própria vida, mas a vida de todos. Um agregador de soluções e resultados”.
“O comunicador não deve ser omisso, limitado, negativo e preguiçoso. Aquela pessoa que diz: estou aqui fazendo o meu, e só vou fazer isso. Esse tipo de perfil está fora do radar das empresas, não só da área da comunicação”, acrescenta Ferri.
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