Diferença entre locução informativa e publicitária
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Fazer rádio também é mexer com a emoção das pessoas, o que reverte em maior responsabilidade ao locutor em utilizar de modo correto as variações interpretativas e emolduramentos sonoros na hora na transmissão.
Por Fernanda Nardo.
A falta da imagem na linguagem do rádio estabelece uma característica que o diferencia dos outros meios de comunicação. Sem o auxílio das imagens e gestos, o locutor tem um papel fundamental para passar emoção, carisma, gerar confiança e credibilidade durante a transmissão. A linguagem do rádio é composta de variações interpretativas e emolduramentos sonoros a cada conteúdo apresentado, que devem ser utilizados pelo locutor de forma correta, para a eficiência da comunicação.
Um bom exemplo é a diferença entre locução informativa, jornalística e a locução publicitária. De acordo com o jornalista, radialista, e diretor e mantenedor da Rádioficina, Cyro César, a locução publicitária difere bastante da linguagem jornalística. “Na publicidade o locutor imprime uma comunicação mais coloquial e natural. Já na locução jornalística a voz se apresenta mais formal, linear e ritmada”, explica.
César explica que quando o locutor não desenvolve a técnica da variação interpretativa de conteúdos, ele grava um comercial, por exemplo, como se estivesse lendo uma notícia, quando na verdade deveria utilizar-se de uma linguagem mais natural. “Ao interpretar um texto, o locutor precisa variar a modulação da voz e observar o ritmo da fala”.
Segundo a fonoaudióloga e consultora em voz profissional, Daniele Almeida, na locução publicitária o objetivo é reforçar a história da marca, o posicionamento e o público. “Uma locução que trabalha mais com a flexibilidade da voz, com velocidade de fala mais pausada e tem uma intenção. Nesse tipo de locução nós temos a questão da imaginação, do conceito da marca, e com isso, uma interpretação e uma flexibilidade de voz e de fala muito maior’, afirma.
Para a consultora, o conhecimento dos recursos de interpretação da voz é importante para oferecer um trabalho criativo.“Quanto maior essa flexibilidade mais criatividade o profissional poderá oferecer para a peça publicitária ou texto. Sabendo ajustar a voz e todas as possibilidades de interpretação, é possível criar uma identidade, tanto do estilo do profissional quanto da marca em que ele irá inserir a voz. Esse desenvolvimento precisa ser constante, seja com curso de locução ou expressividade na área artística”, ressalta.
Locução informativa ou jornalística
Para Cyro César, rádio é emoção. É por meio do microfone que o comunicador imprime seu sentimento quando fala. Por isso, não dá para desassociar uma coisa da outra. Ele ressalta que todas as vezes que o profissional estiver no ar, deve se emocionar, assim seus ouvintes jamais irão esquecê-lo.
“Em notícias que abordam assuntos preocupantes, a locução assume uma interpretação mais formal e consternada. Em temas mais polêmicos e contraditórios, a locução é mais pausada, explicativa e convicta. Em boas notícias, o locutor pode externar uma leve inflexão de sorriso ao tratar de assuntos que mereçam um ar mais otimista. Agora, a credibilidade na informação, invariavelmente vem do conhecimento e da precisão com que os fatos são apresentados ao ouvinte”, destaca
Para Daniele Almeida, o impacto da notícia é pautado no imediato. “Com isso, se espera uma locução mais rápida, a velocidade de fala é mais dinâmica e mais objetiva, esclarecendo e informando. Há uma diferença entre o informar e entreter, então o locutor deve transitar por esses dois momentos de forma planejada”, explica.
Diálogo natural
Outra coisa importante a ser observada é se está sendo possível manter uma fala natural, transmitindo conhecimento, calma e convicção, sem parecer que você está apenas lendo o conteúdo. Para Cyro, na hora da entrevista ficar preso à leitura, pode passar uma impressão de artificialidade.
“Alguns comunicadores quando conduzem uma entrevista acabam ficando muito presos ao papel e não estabelecem um diálogo natural, de perguntas que possam ser extraídas das próprias respostas do entrevistado”, diz o especialista.
Para ele, uma dica do que não fazer na hora da locução é impostar a voz durante a transmissão. “O comunicador deve imprimir sua voz de modo natural ao microfone. Além de desenvolver um estilo próprio de acordo com a sua personalidade, pois o locutor invariavelmente entra no ar, expressando a mesma maneira que é como pessoa. A impostação, por exemplo, deixa a locução antiga e ultrapassada”, afirma.
Atualização Constante
Para a fonoaudióloga, a atualização e a busca de novas formações é uma fundamental para os profissionais. “É preciso acompanhar sempre a evolução da área tanto na parte tecnológica, quanto no próprio estilo de locução porque isso também muda”, explica.
Dicas práticas para melhorar sua interpretação no rádio
Procure espelhar-se em bons profissionais ao microfone. Observe as técnicas que utilizam nas variações interpretativas dos temas abordados.
Nunca esqueça que fazer rádio, também é mexer com a emoção das pessoas. Portanto, todas as vezes que você estiver no ar, emocione-se. Seus ouvintes jamais se esquecerão de você.
Mantenha-se atualizado por meio de cursos de locução ou expressividade na área artística.
Ao interpretar um texto, varie a modulação da voz e observe sempre o ritmo da fala.
Não fique preso ao papel, estabeleça um diálogo natural.
Crie um estilo próprio de locução de acordo com a sua personalidade.
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