Artigo: O novo papel da automação na indústria de broadcast

Por David Kicks (*)

Houve uma época em que os assistentes de produção conhecidos como “runners” levavam as fitas do centro de produção local para o estúdio de transmissão para garantir que os comerciais fossem exibidos no horário programado e para manter os anunciantes satisfeitos. É uma lição que vale a pena aprender, para entender o futuro e a importância da automação no broadcast, primeiro temos que conhecer sua história.

Os programas de alto nível, em horário nobre e com grande público são os grandes geradores de dinheiro da indústria, e sempre serão. A maioria das empresas de broadcast continua utilizando os comerciais como sua principal fonte de receita, chegando até a leiloar espaços publicitários à medida que eles se tornam disponíveis para colocação de anúncios durante os programas de notícias de última hora ou segmentos esportivos.

O pobre “runner” mencionado acima costumava ser a maneira mais eficiente de levar as fitas das grandes videotecas das emissoras para os VTRs, onde elas poderiam ser colocadas na posição exata e prontas para reprodução dentro da programação. Mas tudo isso exigia muito trabalho e podia levar a muitos erros.

Com o tempo, vieram as “cart machines” com capacidade robótica para a seleção de fitas, e depois o vídeo digital e a substituição das “cart machines” por servidores de vídeo. Isto permitiu às emissoras fazer o ingest de vídeo nos servidores com maior velocidade, precisão e controle.

Avanços tecnológicos como o uso “inteligente” de metadados, sistemas de tráfego, evolução dos formatos de vídeo, vídeo sobre IP, contribuíram para reduzir o número de recursos necessários para a transmissão e para melhorar a eficiência e a precisão do conteúdo que é reproduzido.

Depois veio a pandemia. As equipes de broadcast, como todo mundo, foram isoladas e forçadas a se adaptar a novas formas de trabalho. Para a maioria, isso significou algum tipo de produção remota.

Um desafio adicional é o uso crescente das redes sociais como principal fonte de notícias, não apenas tornando mais difícil garantir a precisão de uma notícia, mas também acelerando significativamente o ciclo de produção de notícias. As notícias são difundidas instantaneamente no segundo em que são publicadas nas redes sociais.

Um dos resultados desta luta intensificada na indústria de broadcast, onde tudo muda mais rápido do que nunca, é a necessidade de garantir que não haja erros enquanto estiver no ar. Não é uma tarefa fácil, especialmente quando se considera que muitos funcionários da sala de controle têm que se isolar ou colocar-se em quarentena, mas ainda assim fazer seu trabalho de forma remota.

As emissoras e prestadores de serviços devem permitir o acesso remoto, seguro e automatizado a seu ambiente de playout. Quando seu sistema abrange vários canais e até mesmo vários centros de playout, essa exigência se torna ainda mais crítica.

Cada vez mais, as emissoras estão adotando sistemas de controle, monitoramento e gerenciamento baseados na web, que permitem que a equipe permaneça conectada às playlists automatizadas para um controle fácil, simples e seguro a partir de qualquer lugar.

A aplicação de monitoramento, gerenciamento remoto e controle baseado na web da Pebble para sua solução Automation, é um bom exemplo disso. A aplicação estende a funcionalidade do Pebble Automation a qualquer equipe de transmissão que trabalhe no local ou de forma remota. Ela combina ferramentas de controle, monitoramento, gerenciamento de mídia e configuração do sistema, que podem ser acessadas através de uma série de widgets em painéis de controle configuráveis baseados na web.

Os usuários podem configurar seus próprios layouts de acordo com suas funções, ou gama de funções, e alternar entre vários painéis de controle. Projetado para PCs, tablets e dispositivos móveis, a solução de monitoramento baseada na web da Pebble é baseada na mais recente tecnologia JavaScript e HTML5. A tecnologia também pode ser configurada para múltiplos sistemas de automação, que podem executar diferentes versões de software e operar com diferentes taxas de quadros.

Quais são os benefícios deste tipo de tecnologia de automação flexível?
Para programas de notícias de última hora ou segmentos esportivos onde a tendência é inserir o maior número possível de comerciais, eles agora podem ser lançados até dois ou três minutos, ou mesmo segundos, antes de ir ao ar para tentar obter rendimentos mais altos.

Uma operação de transmissão pode se adaptar à mudança de horários de trabalho e requisitos de produção mais rapidamente. Em vez de todos irem para a sala de controle principal para verificar o trabalho, agora tudo o que é necessário é um navegador web para fazer a interface com o sistema de automação para fazer ajustes na programação.

Agora, com grande parte da vida cotidiana e dos negócios finalmente saindo das restrições da pandemia, a automação flexível continuará sendo parte essencial dos fluxos de trabalho de transmissão. É amplamente reconhecido que muitos hábitos adotados durante a COVID permanecerão de alguma forma, muito possivelmente a longo prazo. Isso inclui algum tipo de horário de trabalho remoto, ou pelo menos híbrido. Sempre haverá a necessidade de engenheiros no local, mas um dos objetivos da automação é incentivar o monitoramento remoto. Por exemplo, se um roteador não estiver funcionando por qualquer motivo, o usuário pode alternar remotamente para um backup e identificar outro roteador, ou pelo menos outra entrada, para enviar um sinal.

O navegador web da Pebble faz interface direta com as playlists do sistema de automação, permitindo que usuários remotos trabalhem com listas individuais ou múltiplas listas simultaneamente. Os usuários podem ajustar horários diários ou fusos horários globais, e monitorar sinais independentemente do formato, de qualquer lugar do mundo. Se algum material ou ativo de mídia estiver faltando, fazer correções em tempo real é um processo fácil. Independentemente de quaisquer mudanças feitas de forma remota, tudo permanece sempre em sincronia com a instalação principal.

Qual é o ponto principal de tudo isso? A automação é mais importante agora do que nunca, para que os comerciais ou qualquer tipo de programação sejam transmitidos de forma rápida e precisa.

(*) David Kicks
David Kicks, vice-presidente de vendas para as Américas, traz 40 anos de experiência na indústria para sua função na Pebble. Começou sua carreira em funções de engenharia na Pro-Bel no Reino Unido e depois assumiu responsabilidades de vendas com a Pro-Bel e Chyron. Ele se mudou para a América do Norte em 2004, passando a ocupar cargos seniores de vendas regionais e nacionais no Snell Group, Vidcheck e Telestream.