“Fui conquistando espaços, tanto na empresa quanto na sociedade”
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Para a diretora e proprietária das rádios Super Najuá e Najuá FM, Jussara Harmuch, as mulheres ainda precisam ter coragem para sair do papel de figuração e ocupar os espaços de decisão.
Por Fernanda Nardo.
A diretora e proprietária das rádios Super Najuá 92,5 e Najuá FM 106,9, em Irati, Jussara Harmuch, de 56 anos, cresceu no meio da radiodifusão e herdou de seu pai, o radialista Nagib Harmuch, o amor pelo rádio. A primeira emissora do grupo foi fundada em 1978, época em que tinha apenas quinze anos, mas já acompanhava seu pai e aprendia a arte de encantar e informar através do som.
Jussara se afastou por um período na emissora, estudou enfermagem em Curitiba, constituiu família e quando seu pai precisou de ajuda, aos poucos ela foi aprendendo a lidar com a gestão das rádios e assumindo a frente dos negócios.
“Sempre gostei de rádio, desde a época que acompanhava meu pai no ginásio de esporte para a transmissão do jogo, por isso foi natural esse movimento de retorno, mesmo com os desafios. Comecei devagar, trabalhava em Curitiba de forma online e uma vez por semana estava em Irati. Para isso, implantei o trabalho online, então trabalhar de casa para mim é algo antigo”, disse.
Há quinze anos Jussara lidera uma equipe de 20 funcionários, fora os colaboradores pontuais. Ela começou cuidando da gestão de pessoas, organizando nota fiscal, sistema de computação, até assumir a rádio por completo. “Posso dizer que com muito trabalho eu conquistei a confiança dos colaboradores, aprendi a gerenciar todo o negócio, e hoje eu sei fazer tudo dentro da rádio, até operar a mesa”.
Na pandemia, a diretora assumiu a apresentação de um programa por falta de pessoal. Mesmo não sendo uma apresentadora, como ela mesmo citou, colocou seu objetivo na intenção de ajudar às pessoas, informando sobre como receber o auxílio e outras questões ligadas ao coronavírus.
“Eu fiquei desfalcada, tive que dar férias, deixar alguns funcionários em casa, até chorei porque tive que demitir um funcionário no começo da pandemia, mas tudo melhorou e eu consegui readmiti-lo. Faço o que for preciso, não tão bem quanto os meus funcionários, mas eu me viro”, destacou.
Para a proprietária das rádios, a informatização que já era boa ficou ainda melhor depois da pandemia. Atualmente não tem ninguém dentro dos estúdios das rádios Najuá, todos os colaboradores fazem o trabalho de casa, todas as entrevistas são feitas de forma remota.
“Sempre acreditei na tecnologia, logo que saiu o WhatsApp, por exemplo, começamos a usar na empresa. Hoje não somos apenas emissoras de rádio, somos um portal de comunicação, mantemos um site forte de notícias, streaming, vejo que a tecnologia veio para melhorar o rádio”, afirmou.
Jussara sempre acreditou que a fase ruim, devido à pandemia, seria superada e o meio rádio sairia ainda mais forte. Ela percebeu uma maior cumplicidade e, também, que o compromisso com o ouvinte ficou ainda mais forte.
“Também estou sentindo um reconhecimento do comércio e da sociedade em geral, que antes achava que era só fazer mídia social para obter resultados, hoje eles entenderam que é um conjunto, e nessa integração, o rádio é fundamental”.
Gestão colaborativa – Desde que assumiu a gestão das emissoras, Jussara priorizou uma gestão participativa. Além disso, ela é extremamente detalhista e organizada, e dessa maneira, conseguiu resolver todas as pendências, fazer uma boa gestão e pagar o salário dos funcionários sempre em dia, fatores que demonstram sua consideração ao negócio e a importância de toda a equipe.
“Aqui a gente vive muita cumplicidade, todos levam a sério o trabalho e suas funções. Além disso, eu sempre invisto para melhorar os processos, a infraestrutura, a parte técnica, e tenho uma equipe que reconhece e faz a sua parte. Acredito na gestão participativa e colaborativa, para mim a cumplicidade é a chave de uma boa gestão”, ressaltou.
“As mulheres precisam ocupar os espaços de decisão”
Jussara acredita que a mulher precisa estar em todos os espaços, conquistar novos horizontes, abrir portas para outras mulheres e construir pontes, tanto nos negócios quanto na própria comunidade. Para ela, a mulher estar no meio rádio, é tão importante quanto estar em qualquer outro setor, como na política ou no comércio, seja aonde for, as mulheres precisam ocupar os espaços de decisão.
“Com muita determinação fui conquistando espaços, tanto na empresa quanto na sociedade. Mas vejo que falta abertura e também coragem para que as mulheres assumam os papéis de poder. Em muitos casos as mulheres são apenas força de trabalho, mão de obra, sabe? O poder de decisão na maioria das vezes é masculino. No meio rádio também era um pouco assim, mas está mudando, afinal, o desempenho é igual. Mas ainda sinto que o papel da mulher muitas vezes é o de figuração, o que falta é assumir postos mais decisivos”, conclui.
Jussara contou que devido à sua participação ativa na cidade já foi convidada para entrar na política. No entanto, ela acredita no poder da comunicação para mudar a sociedade e fazer justiça, inclusive, dar voz a outras mulheres.
“Eu ajudo a comunidade por meio da rádio e tenho uma opinião forte, quando é preciso eu me posiciono. Também não deixo de estar presente para atuar na luta contra a violência à mulher, participar das discussões políticas da cidade, cada vez que tem algum caso de violência as minhas emissoras cobrem e ficamos em cima mesmo, acredito que devemos falar e atuar em prol das mulheres”.
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